5 reflexões sobre o programa Diversidade nas Redações
O que tem a ver o jornalismo com a sua vida?
O jornalismo precisa se conectar com as pessoas e com a realidade da sociedade, da maioria, para cumprir sua missão de informar, denunciar, oferecer serviços, entreter e, mais do que tudo, garantir que novas narrativas possam ser contadas de forma humanizada responsável e democrática.
Hoje trazemos cinco reflexões fundamentais, que aprendemos no primeiro mês do Programa de Diversidade nas Redações, quando falamos sobre cobertura mais plural e diversa nas eleições. Para a formação, recebemos as convidadas: Fabiana Moraes, mulher preta nordestina, professora universitária, escritora e jornalista que falou sobre como romper a lógica da vitimização e descolonizar a cobertura. A Pagu Rodrigues, indígena, periférica, Socióloga pela USP e candidata a vereadora de São Paulo também colou com a gente. Ela falou sobre a importância da cobertura racializada nas eleições. Já a Sanara Santos, jornalista residente do eixo de Jornalismo Local, falou para os editores e repórteres participantes do programa sobre distribuição dos conteúdos de acordo com o território. Ambas, trouxeram a importância de decolonizar o olhar para mídia e a cobertura de eleições.
Também tivemos formação com a Simone Cunha, diretora institucional e de estrutura jornalística da Énois, que fez uma análise da equipe que cobriu as eleições passadas nas redações do programa e trouxe uma agenda cidadã para pautar a cobertura destas; e Jamile Santana, coordenadora do Programa de Diversidade, que ensinou os repórteres a extrair pautas com viés de diversidade das planilhas dos orçamentos municipais.
Fabiana Moraes: “O termo “dar voz” deve ser evitado, pois retrata uma abordagem colonial e salvacionista. Quando vitimizamos uma pessoa, tiramos do indivíduo a capacidade de agir”
Pagu Rodrigues: “Não necessariamente as candidaturas indígenas pensam políticas que sejam voltadas somente para essa população. Por que uma pessoa branca pode pensar gestão para todos, mas as candidaturas indígenas e negras não?
Simone Cunha: “Analisar a cobertura das eleições perguntando qual a cara da equipe que cobriu, que cidade foi vista, os problemas de que parte da sociedade pautou a produção e como foi o olhar para essas questões – se estrangeiro ou pertencido -, permite a cada redação identificar as lacunas que precisam ser ultrapassadas para se ter uma cobertura mais representativa.”
Jamile Santana: “Nas planilhas de orçamento público podemos enxergar quais políticas estão sendo feitas, onde e para quem. A ausência de uma despesa, diz muito sobre uma cidade e como ela lida com os territórios.”
Sanara Santos: “A missão do jornalista é conseguir quebrar barreiras do jornalismo. É preciso trabalhar para que o conteúdo chegue nas pessoas de outras maneiras, além das convencionais. Podemos noticiar algo com texto em um site, mas também podemos dar a mesma notícia usando gifs e imagens, distribuindo em outros canais.”