Tive o privilégio de poder selecionar a organização que iria me receber. Ficarei por um mês em Chicago, explorando as estratégias, modelo de negócio, programas, parcerias e gestão do City Bureau, uma ONG que trabalha misturando jornalistas e moradores do sul da cidade para fazerem uma cobertura local e diversa. Ou como eles mesmo dizem: “jornalismo feito para Chicago, por Chicago”. Uma provocação para a mídia tradicional, que emprega poucos negros e latinos – e fala pouco sobre as comunidades e bairros mais pobres.
Por ora, três coisas interessantes que pude observar e que servem de inspiração pra quem está aí tentando fazer o jornalismo sair dos aparelhos (alô jornalistas demitidos de grandes redações e amigos que cobrem as periferias):
1. Formação direcionada: assim como nós, na Escola de Jornalismo, o City Bureau treina jovens dessas comunidades em jornalismo (são ciclos de 10 semanas). Durante esse período, os jovens, além das aulas, produzem reportagens que são publicadas em veículos da cidade. Todos do programa estão cursando faculdade, então o foco do treinamento é aprender a cobrir o bairro. Ou seja, têm como premissa ouvir as necessidades das comunidades a que servem. Os produtos jornalísticos que saem dessa experiência são, de fato, muito inovadores em formato e linguagem. Por exemplo esse guia/zine (abaixo) que explica o funcionamento do sistema judiciário para familiares de jovens que estão presos. Tem desde um glossário de palavras jurídicas até um formulário que ajuda a família a não perder datas para pedidos de habeas corpus. Foi distribuído como encarte de um jornal impresso local.