Como fazer uma cobertura policial mais responsável?
Oi, como você está? Espero que esteja tudo bem por aí!
Vim aqui hoje compartilhar com você como foi o nosso Redação Aberta 23, que aconteceu nessa terça-feira (06/07). Mas antes de trazer aqui o resumo do evento, te convido para votar no tema do próximo Redação Aberta, que acontecerá no dia 03/08. Bora? Escolha uma das três opções aqui.
Depois de tantos casos recentes de violência policial, a exemplo dos dois homens que perderam a visão nos protestos do Recife e do assassinato de Kathlen Romeu, no Rio de Janeiro, decidimos refletir em conjunto sobre “como cobrir e fiscalizar a atividade policial”.
Trouxemos para a nossa conversa Cecília Olliveira, jornalista investigativa e diretora do Instituto Fogo Cruzado; Elena Wesley, coordenadora de conteúdo do Data_labe e gestora da Agência Narra; e Inês Campelo, cofundadora e presidenta da Marco Zero Conteúdo.
Antes de te falar sobre como foi a nossa conversa, queria que você pensasse quantas vezes ficou refém dos dados e discursos da polícia quando cobriu a segurança pública. Essa é uma situação bem comum, às vezes por uma escolha editorial, porque é um caminho mais fácil para entregar a matéria. Quando isso acontece, alertou Cecília, corremos o risco de deixar de ser jornalistas e virarmos assessores de imprensa, aumentamos a chance de falhar na nossa apuração e com a sociedade.
Por outro lado, às vezes o que ocorre é uma ausência planejada e sistemática de dados “oficiais”, por parte dos agentes da segurança pública, para dominar a narrativa. É o que ocorre, por exemplo, em Pernambuco, onde a polícia sequer responde às perguntas da Marco Zero Conteúdo. “Uma das formas que a gente tem de estar na cola da polícia é via redes sociais”, nos contou. No dia do #29M, a equipe da Marco Zero foi a primeira a visibilizar a violência contra os dois homens baleados. “A partir da nossa cobertura, conseguimos alertar os colegas jornalistas do que tinha acontecido e de que era muito grave”, nos contou Inês Campelo.
Encontrar estratégias e buscar dados sobre a violência policial pode significar também ter que produzi-los, como vem fazendo o Data_Labe com a campanha #PorQueEu? Para isso, lembrou Elena Wesley, não podemos enxergar a favela e as pessoas do nosso território somente pela espetacularização da dor, mas como agentes capazes de projetar soluções para a violência policial.
Uma das formas de fazer isso é estudar as políticas de segurança, entender que a cobertura da polícia é parte da cobertura da segurança pública. Afinal, como disse Elena, “ao formular pautas a partir de outro olhar, não sendo assessor da polícia, e ao mesmo tempo trazendo outras camadas do porquê as operações acontecem, por que as mortes acontecem, a gente consegue começar a trazer outro debate para as pessoas”.
E você, como vem hackeando a falta de transparência nos dados para cobrir as ações da polícia no seu território? Conta pra gente!
Te convido a acessar dois conteúdos que podem te ajudar a refletir mais sobre o tema. Na nossa Caixa de Ferramentas, falamos sobre fazer uma cobertura que respeite as vítimas da violência policial. Na Diversa, Cecília nos falou sobre como fazer uma cobertura que possa, de fato, mudar as estruturas.
Com evento assim, a gente segue construindo um jornalismo mais responsável, que possa contribuir para uma realidade mais diversa e sem preconceitos. Por isso, ao contribuir financeiramente com a Énois, você impulsiona essa transformação. Ao apoiar a gente, você apoia uma série de jornalistas, redações e pessoas dispostas a por a mão na massa por um mundo mais possível. Contribua a partir de R$ 10,00 reais, acesse: benfeitoria.com/enois
Até mais,
Alice de Souza