12 de fevereiro de 2022
“Aqui na Énois, nosso objetivo é colaborar para que o jornalismo faça uma autoavaliação e busque soluções para trabalhar a diversidade de forma real.”
Jamile Santana, analista de dados e impactos da Énois
Olá pra você que acompanha a Diversa!
Estou muito feliz em começar nossa conversa sugerindo uma ferramenta que pode ajudar a sua iniciativa de comunicação – seja grande ou pequena – a ser mais representativa e diversa. Em tempos tão difíceis, precisamos de um jornalismo propositivo e acredito muito que esse processo começa de dentro da redação para fora.
Muitas empresas acreditam que trabalhar a diversidade é apenas contratar duas ou três pessoas negras ou com deficiência (nenhuma delas em cargos de decisão, vale ressaltar) e pronto! A mágica acontece e “somos uma empresa diversa”. Mas a verdade é que trabalhar realmente com uma equipe que carrega em cada integrante questões de gênero, raça e classe pode ser extremamente desafiador, porque implica sair da zona de conforto e gerar incômodo nas pessoas que são beneficiadas pela estrutura social excludente que vivemos.
Só por aí, já dá pra imaginar que começar uma iniciativa de diversidade que vire uma cultura em qualquer empresa ou organização é um caminho longo. Mas não é impossível e podemos provar, rs. Aqui na Énois, nosso objetivo é colaborar para que o jornalismo faça uma autoavaliação e busque soluções para trabalhar a diversidade de forma real. Para isso, já alimentamos há pelo menos três anos a nossa Caixa de Ferramentas da Diversidade com metodologias que podem ser replicadas em qualquer iniciativa de comunicação do mundo.
A gente também sabe que essas construções podem se perder ao longo do tempo, por muitos motivos: falta de investimento, equipe muito grande ou pequena, falta de engajamento da diretoria das organizações, ausência de planejamento… Por isso, desenvolvemos também uma metodologia onde é possível identificar práticas de diversidade já feitas informalmente na redação (sim, pagar o salário em dia, é uma prática de diversidade, sabia?), ações básicas que podem ser iniciadas sem a necessidade de grandes investimentos (você já tem um banco de fontes com especialistas mulheres, pessoas negras, indígenas, pessoas com deficiência e outros perfis sub-representados?) e mudanças estruturais que levam mais tempo para se tornarem parte do cotidiano das redações (como relatórios detalhados sobre retorno da audiência e reuniões de escuta com leitores).
A Régua de Diversidade calcula o percurso que sua organização deve fazer para chegar a um nível satisfatório de ações de diversidade em três áreas de atuação: Gestão, Produção Jornalística e Cultura. No final, a ferramenta ainda propõe metodologias que podem ser adotadas pelas redações para que alcancem melhores resultados. Todas as sugestões são personalizadas, considerando níveis de dificuldade de implantação diferentes, de acordo com a pontuação obtida pela redação.
Essa metodologia foi criada em 2020, durante o Programa de Diversidade nas Redações da Énois. Na época, o nosso desafio era identificar se os conhecimentos que compartilhamos durante o programa estavam dando frutos. Não sabíamos como medir algo tão subjetivo, já que estamos falando de relações humanas, cheias de falhas, contradições, tempos e vivências diferentes. Chegar nesse lugar exigiu muita observação do que acontecia na vida real das redações e vários ajustes, mas chegamos numa ferramenta que, além de tornar o processo mais claro, pode ajudar as redações a enxergar seus impactos sociais, informações valiosas que passam despercebidas no dia a dia.
Na aba “Ações e Impacto” da Régua, você pode conferir histórias reais das redações que já utilizaram a metodologia. No ano passado, fomos convidados a participar da 1ª Conferência Latino-americana sobre Diversidade no Jornalismo, realizada pelo Knight Center. Nessa experiência, foi possível entender a dimensão e o impacto que essa ferramenta pode ter mundo afora.
Por fim, gostaria de convidar você a “testar” a sua redação ou iniciativa de jornalismo. Mesmo que você não esteja hoje ocupando um cargo de chefia, talvez essa seja uma oportunidade de começar um diálogo na organização em que você trabalha. Ah! E você também não precisa ser uma pessoa que faz parte de grupos sub-representados para começar uma mudança. Abrir mão de seus privilégios, fazer um mea-culpa e tornar-se um aliado nessa construção é parte fundamental do processo. Bora?
Como iniciar ações de diversidade na sua redação
Um salve e muito obrigada a todas as apoiadoras e todos os apoiadores da Énois ♥
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