Alimentar o jornalismo local é fortalecer territórios

Conheça histórias locais da produção do TechCamp Belém 2023

Realizar o TechCamp Belém mostrou para Énois que quando se movimenta o jornalismo local também é possível mover diversas outras estruturas. Para realizar o evento, ocorrido em Belém (PA) em setembro deste ano, e que teve patrocínio da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, fizemos a escolha de fortalecer os territórios de todas as maneiras possíveis.

Das iniciativas participantes até os alimentos que foram combustíveis para a gente debater o jornalismo diverso, local e sustentável. O Acarajé da Juci D’OYÁ, foi um exemplo disso, que  aqueceu nossos corações com pratos típicos da região Norte do Brasil.

Mãe Juci D’Oyá, sacerdotisa da umbanda, moradora da Ilha de Cotejuba, é uma afro chefa que desenvolveu seu conhecimento sobre alimentação dentro do terreiro, fazendo as comidas dos santos. Foi nesse espaço que ela se conectou com o afeto pelo cozinhar.

“Cozinhar é um resgate do pensamento, porque quando você come comida com afeto, com axé, você acaba se remetendo à busca ancestral, algo muito importante para nós povos tradicionais de matriz africana”, conta. 

Durante os dias 13 a 16 de setembro, nos workshops do TechCamp, mãe Juci e uma equipe de mulheres foram as responsáveis pelo preparo do alimento para mais de cinquenta pessoas. As refeições foram servidas em cuias, louça indígena que mãe Juci comprou de mulheres do interior do Pará como uma forma de trazê-las para perto e para remeter a ancestralidade indígena da Amazônia.

Os legumes, carne e outros tipos de alimentos servidos também são plantados e cultivados com muito cuidado, comenta ela, já que são comprados de famílias agricultoras locais. Mãe Juci diz que o movimento de preparar o alimento faz parte da troca, por isto, ela faz questão de ressaltar que tudo que foi consumido no TechCamp partiu de muitas mãos. 

A gastronomia da Mãe Juci e sua equipe foram indicadas pela produção do TechCamp Belém, também local, que articulou a chegada da Énois e dos demais coletivos no território.

Audiovisual

A cobertura de comunicação do evento contou com a Agência de Comunicação & Produtora Cultural Na Cuia, que acompanhou o TechCamp Belém pelas lentes da fotografia e do audiovisual.

Paula Amaral, produtora executiva da Na Cuia, comenta que priorizar produtoras locais é evidenciar as narrativas existentes, “Sabemos… Nada sobre Amazônia sem a Amazônia, então, por estarmos no território é necessário a contribuição da nossa visão e do nosso trabalho”.

É a segunda vez que a Énois faz essa parceria com a Na Cuia. O primeiro trabalho produzido foi a adaptação do treinamento Jornalismo e Território – Justiça Climática para o formato de Ensino à Distância (EAD). A apresentação e a produção audiovisual foram realizadas em Belém (PA).