Auxílio emergencial no jornalismo: a experiência de duas redações

Oi, pessoal. Como vocês estão?

Espero que esteja tudo bem por aí, mesmo com essa montanha-russa de sentimentos que nós temos vivido ultimamente. Estou aqui para compartilhar com vocês como foi o nosso Redação Aberta de maio. Se você perdeu, confere aqui o vídeo completo.  

Desta vez, o tema foi “Como criar uma política de auxílio emergencial na redação” e rendeu uma discussão potente! Convidamos Amanda Rahra, diretora institucional da Énois,  Cíntia Gomes, diretora de comunicação institucional da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, e Kátia Brasil, co-fundadora e editora-executiva da agência Amazônia Real. Juntas, elas compartilharam as iniciativas de apoio às equipes criadas no contexto da pandemia, mas foram além, convidaram os participantes a refletir sobre cuidado e jornalismo.

A sensação é que a palavra “cuidado” só entra no vocabulário da redação para apagar incêndios, mas será que é preciso estar diante de uma crise para pensar alternativas de suporte aos jornalistas? Kátia Brasil nos contou como a perda de um companheiro de equipe, em 2019, fez a Amazônia Real rever as políticas de cuidado e de como o choque foi fundamental para alicerçar a garantia de direitos durante a pandemia.

A Amazônia Real, por exemplo, ampliou os contratos dos colaboradores recorrentes, para mitigar as perdas financeiras do período, buscou apoio do Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para oferecer apoio psicológico a 11 pessoas da equipe, está custeando máscaras, testes para identificação da covid-19, entre outras medidas. “A gente já está aqui há um ano, preocupado com a pandemia. Não só de expor a situação da pandemia onde a gente vive, mas também de olhar pra dentro, cuidando da nossa equipe”, disse Kátia.

A Agência Mural, que tem 76 correspondentes colaborativos e tinha uma equipe fixa de 20 pessoas em 2020, também fez adequações estruturais e operacionais. Cintia Gomes ressaltou a importância do diálogo com parceiros para captar recursos e viabilizar a compra de computadores e fones de ouvido, além de custear apoio para gastos com internet, em função do trabalho remoto. 

“A gente também durante as reuniões mensais procurou saber como cada um estava se sentindo, como estava em meio à pandemia, a sua vida em casa, vida profissional, os familiares.Isso se tornou rotineiro”, contou Cintia. As experiências da Mural e da Amazônia Real coincidem com um processo realizado dentro da Énois, de buscar apoio externo para viabilizar compras de equipamentos para a equipe e bancar gastos com internet e saúde mental. 

Durante o Redação, Amanda Rahra detalhou como a Énois conseguiu criar um fundo de Rh a partir da distribuição de um auxílio emergencial. A metodologia criada, que pode ser vista na nossa caixa de ferramentas, buscou a equidade entre os integrantes da equipe. Amanda mostrou que a consolidação desse processo teve como premissa escutar a equipe e que a ideia surgiu de um edital.     

A conversa foi longa e produtiva! Esses três exemplos mostram que é possível sim garantir cuidado e, principalmente, que se esse processo envolve escutar a equipe, repensar a gestão dos recursos com o coletivo e muita organização, ficará muito mais fácil. E com chances altas de se tornar algo permanente. 

Obrigada e um abraço,

Alice de Souza

Coordenadora de Sistematização

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