Como o jornalismo muda(rá) com o coronavírus?

Diversa

Como o jornalismo muda(rá) com o coronavírus?

14 de Abril de 2020

Como esse momento impacta o jornalismo é importantíssimo pra gente entender como será o jornalismo no futuro

Em tempos de pandemia, que leva à preocupação com a saúde e busca por informação como serviço, a imprensa lidera a confiança na busca de informação. A crise dá clareza do papel que o jornalismo tem.O valor do jornalismoUm colunista da economia do Estadão com 50 anos de jornalismo escancarou essa situação no Twitter ao lembrar que o jornalismo comercial mostra seu valor agora como na época da ditadura porque “os donos dos jornais, nossos patrões, perceberam que sem notícias de verdade, com credibilidade, o negócio de veicular notícia ía para o ralo.” Isso porque a sociedade tende a jogar mais junto e os interesses econômicos e políticos vão mais pro mesmo lado.Os efeitos da pandemiaSe informar pela TV aberta virou prioridade de quase 80% dos brasileiros em tempos de confinamento, diz o Ibope. A campanha de informação contestando o presidente tem sido imprescindível para o cuidado das pessoas. O déficit de máscaras, respiradores e testes para detectar a doença apavora o país a ponto de médicos e voluntários do Hospital das Clínicas de SP se unirem numa vaquinha virtual chamada #VemPraGuerra. A agenda social se impôs e o Senado já aprovourenda básica de R$ 600 para trabalhadores informais. A medida ainda aguarda assinatura presidencial (até o fechamento desta newsletter), e pouco se fala também como o benefício será distribuído.

E as periferias?

Se será um desastre coletivo, fica ainda – e como sempre – a pergunta: quais serão as histórias contadas pelo jornalismo? Como toda essa falta de estrutura será pior para os moradores das periferias? Se 9 em cada 10 casos no país não são detectados, qual a porcentagem destes está nas periferias? Se o pacote de ajuda às pequenas e médias empresas é noticiado, pouco se fala sobre a falta de apoio aos pequenos comércios locais. (Nós estivemos cobrindo isso por aqui).

O papel da grande imprensa e dos jornalistas locais

A Folha tratou da demissão de merendeiros, cuidadores de crianças com deficiência e motoristas de empresas terceirizadas depois que a secretaria de educação de São Paulo publicou uma resolução suspendendo os contratos e da queda de renda e medo de pegar a doença pelos motoristas de aplicativos. Todos os sites têm matérias e serviços de doações, mas como estar mais perto das pessoas e noticiar a falta de infraestrutura nas periferias? OJornal Nacional entrevistou o Raul Santiago e falou sobre a articulação de comunicadores e serviços locais. Essa ligação vai permanecer e se fortalecer? E como a mídia tradicional está se articulando para construir narrativas em parceria com esses comunicadores, ao invés de usá-los apenas como fonte?

NO RADAR

 

► A Agência Mural está fazendo cobertura de serviço e histórias de como a epidemia está impactando as periferias. No site e via WhatsApp: (11) 97591-5260.

► A fundação Tide Setubal abriu edital para apoiar organizações que trabalham com as periferias.

► Podcast sobre coronavírus nas periferias checa o que circula nas redes: Manda Notícias na plataforma Spotify.

► G1 faz matéria de serviço para quem está buscando emprego no meio da epidemia.

► A colunista do Nexo Luciana Brito fala sobre os direitos negados e a invisibilização dos profissionais da limpeza: “quem suja na entrada e quem limpa na saída”.

► Marco Zero mantém com lista de organizações que buscam apoio para facilitar o caminho a quem quer doar, fez especial sobre o risco da epidemia para os detentos, a necessidade de vacinação de idosos apesar de desinformação e retratou a luta para manter idosos em casa.

► A Lupa checou que não tem Netflix grátis e que vacina que cura coronavírus não existe

Essa semana, na cobertura colaborativa da Énois, data_labe, Gênero e Número e AzMina sobre a chegada do Coronavírus nas periferias, na vida de mulheres e negros no país você lê:

Junto e Misturado. Segundo o último Censo do IBGE, no Brasil, 11,4 milhões de pessoas residiam em favelas e áreas de ocupação irregular. Diante dessa realidade, como é possível evitar a propagação do coronavírus? Isolamento e quarentena são possíveis nas favelas?

Meus filhos estão sem merenda, e agora? Com o decreto de fechamento das unidades de ensino, o orçamento das famílias ganha mais um gasto. A alimentação que antes era feita na escola agora entra numa conta que no final do mês não fecha.

Maioria entre informais, mulheres têm lugar central na inédita renda emergencial. Está em votação um projeto de lei que estipula renda mínima emergencial de R$ 1.200 na crise do coronavírus para mães trabalhadoras informais que não contam com cônjuge na criação dos filhos. Para valer de verdade, a medida precisa ser validada pelo Senado e confirmada pelo presidente nos próximos dias e tem forte impacto na vida de milhões de mulheres e seus filhos.

Cuidadoras enfrentam abusos e riscos na pandemia de coronavírus. “As cuidadoras estão sendo escravizadas. Há filhos que nem viam os pais e agora largam cuidadoras na casa, sem poder sair”, diz Zenilda Ruiz, do Sind. das Domésticas de SP.

De quarentena, restaurantes das periferias se adaptam a entregas. Com o início da quarentena os bares e restaurantes nas periferias da cidade tiveram que adaptar suas formas de trabalho para seguir as recomendações de proteção contra o vírus.

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