Eleições em pauta

Como prometido, voltamos com algumas atualizações do curso sobre eleições realizado com integrantes da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, de São Paulo. Na nossa primeira conversa, falamos sobre os processos eleitorais e temáticas de campanha com Pagu Rodrigues e também falamos sobre orçamento público e Lei de Acesso à Informação com a advogada Luana Vieira.

Nos nossos dois últimos encontros, recebemos a liderança do eixo de Estrutura Jornalísticas da Énois, Jamile Santana, que mostrou alguns caminhos de fiscalização do município, e como as leis de controle fiscal são estratégicas para nós jornalistas, que temos a intenção de fiscalizar os gastos e as práticas de políticas públicas nos nossos territórios. 

Neste encontro, falamos, por exemplo, de siglas, códigos e tecnologias – algumas já ociosas – que, às vezes, afastam a própria população dos espaços de decisões. Também falamos sobre a Loa (Leis Orçamentárias Anuais), que define os gastos anuais nos municípios, sobre o Portal da Transparência, o Meu Município e o Compara Brasil. Vale lembrar ainda que nem todos os municípios têm essas páginas, um problema que dificulta o acesso à informação e, consequentemente, a fiscalização. 

Com todos esses conhecimentos trocados, o nosso último encontro foi para entender em como distribuir tudo o que investigamos e noticiamos. Existe uma diferença crucial que temos que levar em consideração quando falamos de periferia e comunicação: as formas de fazer as informações chegarem no nosso público tem que ser estrategicamente pensadas. 

Distribuir informação na quebrada é olhar a realidade do nosso território, transitar nele, se construir enquanto “nós de redes”, cooperar ativamente com outros distribuidores, com lideranças, rádios e também pensar nas linguagens, entre elas, o Whatsapp, por exemplo, hoje o principal meio de comunicação dos brasileiros. Para esse papo, chamamos a muralista Gisele Alexandre, criadora do Manda Notícias, uma rede de transmissão de Whatsapp, que apresentou as suas táticas para distribuir informação de qualidade nas quebradas. 

Pois bem, foram encontros ricos e que esperamos ter colaborado na forma em como jornalistas nas quebradas, favelas e periferias realizam a cobertura sobre as eleições. São corpos, vozes e perspectivas de vidas que estão dentro das favelas e periferias, seja em SP ou em todo o Brasil, que, com certeza mudam as perspectivas em como a eleições acontecem. 

A partir de hoje, vamos divulgar as reportagens que nasceram a partir desses encontros. A primeira, do repórter Lucas Rodrigues, apurou relatos de mulheres que apontam a falta de recursos para disputar a eleição municipal nas periferias de São Paulo. Leia na Agência Mural em bit.ly/semapoio.