Muito a aprender: como o jornalismo e o marketing podem andar juntos

Ao pensar em marketing digital e publicidade, nós jornalistas, normalmente, torcemos o nariz. Essa foi a expressão usada por Maira Monteiro, convidada do Redação Aberta #36, que debateu o uso de ferramentas de marketing para a sustentabilidade do jornalismo. 

Maira é fundadora da Digital News Growth, e construiu por anos o Portal BHAZ, jornal independente e digital de Belo Horizonte, Minas Gerais. A partir de suas experiências no jornal, passou a aprofundar sua atuação como captadora. Com os conhecimentos do meio publicitário, como público, audiência, tráfego, funil, percebeu que era possível vender projetos mais segmentados e objetivos para grandes marcas. 

Um exemplo dado por ela, no encontro, foi a venda de um projeto para um supermercado de Belo Horizonte, durante o carnaval. Ao ver que a data era estratégica para conseguir arrecadar dinheiro, pensou quais pautas não seriam cobertas pelas grandes mídias, e qual era o público mais deixado de lado quando falamos da temática: os ambulantes. Assim, direcionou o veículo a realizar coberturas sobre o trabalho de quem estaria vendendo bebida no carnaval, com pautas desde onde é o melhor lugar para vender até como comprar e deixar gelada a cerveja. 

Pronto. Ao publicar as matérias, “taggou” os links para que pudesse rastrear os acessos. O portal teve um um crescimento altíssimo de acessos, e com esse público, ela conseguiu vender pautas e produtos para o supermercado, colocando que os anúncios seriam acessados pelo ambulantes uma vez “taggeados”. 

A experiência de Victor Oliveira, do Alma Preta e Black Adnet, já é diferente. A Black Adnet é uma agência, vinculada ao Alma Preta, que atende tanto o veículo quanto outras organizações e marcas, mas a partir de um recorte específico: raça. Victor pontua que o primeiro passo para conseguir monetizar a partir da publicidade foi regularizar o veículo, e isso nós conversamos no Redação Aberta #33, com Raul Torres e Camila Simões. 

Depois, o Alma passou a montar um plano estratégico, para que os anúncios feitos em sua plataforma fossem coerentes com o seu propósito. E então, marcas passaram a contatá-los pedindo pautas e coberturas de seus projetos ou eventos. A questão é que a remuneração é algo importante, então ao invés de aceitar a pauta, a equipe de comercial e projetos do Alma propõe um pacote de cobertura e anúncios, que irão ajudar a cobrir os gastos da estrutura do veículo. 

Uma das ferramentas importantes para se ter na manga ao procurar um parceiro, segundo Victor, é ter um mídia kit, uma espécie de apresentação com todos os produtos que podem ser oferecidos pela organização e/ou veículo. O Alma e o Black Adnet, por exemplo, editam o seu mídia kit a partir do cliente que querem fechar. 

O papel do Black Adnet no processo de marketing do Alma Preta é fundamental. São eles que conseguem os dados de clicks, rastreio e impacto dos anúncios ou coberturas feitas em parceria com as marcas. Por isso, Victor ressalta que ter uma equipe de marketing ou pagar alguma consultoria para apoiar nesse coleta, é essencial. 

O uso da publicidade pelos jornalistas é algo novo, e tem sido discutido a partir do PL da Fake News (PL 2630), que está em trâmite de votação em Brasília. No texto, é colocado que as plataformas digitais devem se responsabilizar e remunerar jornalistas que, inevitavelmente, impulsionam os clicks e a retenção de pessoas nas plataformas. 

Para assistir o encontro completo, basta clicar aqui. 

Até breve, 

Isabela A. 

Articuladora de comunidades da Énois.