21 de Junho de 2018
Uma análise sobre a diversidade racial nas redações e universidades de jornalismo no Brasil
Por que há tão poucos jornalistas negros nas redações e no jornalismo?
Nas salas em que leciona, Claudia Nonato, da FIAM-FAAM, vê quase maioria de pretos e pardos, mas não os vê chegarem aos veículos tradicionais. No doutorado, apurou números ainda piores: 20% de pretos e pardos nas redações, com base em levantamento feito em 2010.
Vão para imprensa alternativa, assessoria ou trabalhar fora do jornalismo. “Eles chegam a fazer estágio, mas não são efetivados. Os alunos brancos têm uma formação básica melhor, falam inglês fluente, tiveram vivência no exterior. Como competir com isso?”, questiona Claudia.
Helaine Martins, 37, que trabalhou no Jornal O Liberal, de Belém, vê as redações como espaços elitizados e que, na seleção, privilegiam pessoas do mesmo grupo social. “Os negros que entram, geralmente ficam em posições de menos destaque.”
O debate sobre a raça entre os colegas e nas pautas é um outro passo. Quando repórter de jornal, ela sequer percebia o movimento negro. “Depois que comecei a entender meu lugar como jornalista negra, percebi que falamos muito pouco sobre fontes na hora de pensar diversidade no jornalismo, é o que fundamenta o que escrevemos.”
É onde centra sua atuação. Na Editora MOL, questionou a homogeneidade na escolha das fontes e fez a diversidade virar política, com a indicação explícita aos repórteres de ouvir pessoas diferentes nas publicações. A experiência foi base para criar o Entreviste um Negro, um banco de dados público de especialistas negros para ajudar os jornalistas a ampliarem a agenda.