Quem faz o RH na sua redação?

Por Jessica Mota, gerente de RH e Comunicação Institucional

A gente sabe que boa parte dos coletivos e organizações independentes de mídia não têm uma super atenção pro cuidado com a equipe, ou uma super estrutura de recursos humanos. Às vezes, a redação está cheia de repórteres, mas tem só uma pessoinha lá no canto dela que cuida das burocracias de contratos. Ou então, não existe uma pessoa na organização que só olhe para a equipe, suas necessidades e dinâmicas. Mais do que cuidar das contratações e demissões, a gente entende que os recursos humanos, as pessoas mesmo, precisam de atenção e cuidado contínuo para poderem desenvolver seus trabalhos com saúde. É o RH que orienta políticas de diversidade para a organização e é nessa esfera que práticas que respeitam a diversidade da equipe podem ser encaminhadas.

Aqui na Énois somos duas jornalistas e educadoras nesse lugar de RH, a Amanda Rahra e a Jessica Mota. Então a gente sabe onde os calos apertam e relaxam, e como funciona o dia a dia da produção jornalística e das formações. Esse ano, a gente se juntou e começou a estruturar com mais profundidade nossa área de RH, a partir dos aprendizados que compartilhamos na Caixa de Ferramentas e de nossas vivências.

Aliás, a Mel Oyá, produtora aqui na Énois, falou nesse texto  aqui sobre o Café com Afeto, nosso encontro semanal pra falar de outras coisas da vida que não trabalho. Porque não basta só pensar em estratégias de diversidade para a contratação, precisamos também estruturar espaços e movimentos de cuidado para a equipe.

Nossa primeira experiência esse ano foi desenhar um processo seletivo e de integração, no contexto de trabalho remoto, para receber novas quatro integrantes.

Nossos processos já priorizavam pessoas negras, periféricas, indígenas, LGBTQIA+ e PCDs. Mas não tínhamos um alinhamento sobre como se davam as escolhas das contratações e a chegada das pessoas na Énois

Decidimos tornar o processo de seleção de novas integrantes coletivo na Énois. A partir de agora, todes da Énois podem ler as inscrições nos formulários, e cada pessoa pode votar em 5 nomes de sua preferência, levando em conta os critérios para a vaga, claro. O voto não é obrigatório. Depois, as pessoas mais votadas passam para uma etapa de entrevistas, onde as pessoas das equipes da Énois que irão trabalhar diretamente com elas também participam. Ao final, esse grupo discute e decide quem será contratada.

A nova integrante é comunicada por telefone. Em seguida, mandamos um e-mail de boas vindas, com um PDF anexado que contém informações importantes da nossa organização. Breve histórico, organograma, lista e descrição dos projetos, nossos combinados referentes a férias, licenças, equipamentos, etc. As informações de salário de todes (todo mundo aqui sabe o salário de todo mundo) e sobre como são feitos os pagamentos também são anexadas nesse documento. Além de outras informações, como e-mails de contato, sites e outros detalhes.

Na primeira semana, a nova integrante passa por um processo de inserimento, que consiste em uma reunião com a equipe Institucional para tirar dúvidas sobre o trabalho e a organização e participa do seu primeiro Café com Afeto – o encontro semanal da Énois para falar de afetividades e temas que pairam entre o pessoal e o profissional por aqui. A gente entendeu, com a experiência do ano passado, que pode ser bem confuso pra uma pessoa recém-chegada começar a trabalhar remotamente (é assim que estivemos durante 2020 inteiro e seguiremos assim até ver no que tudo isso vai dar). Fazemos um monte de coisa, com um monte de gente. Essa chegada mais pianinho tem o objetivo de respeitar esse tempo de integração e adaptação. Cuidar da saúde mental de quem chega e ir abrindo espaço no coração e na agenda de quem recebe. Queremos, assim, evitar o despejo massivo de informação, dar tempo pro cérebro processar tudo e não gerar ansiedade em quem chega.

E por aí, como a equipe da sua redação tem sido cuidada? Escreve pra mim no [email protected] que estou curiosa pra saber!