Sanara Santos assume diretoria na Énois
De acordo com a pesquisa Diversidade e Inclusão, divulgada em 2022 e realizada pela consultoria global Great Place To Work (GPTW), 92% das pessoas que ocupam cargos de chefia, direção e presidência são pessoas cis heteronormativas. Ou seja, pessoas (e corpos) que atendem e representam os padrões do que a nossa sociedade estabelece como feminilidade e masculinidade. Isso significa pouca ou quase nenhuma diversidade de gênero nestes espaços.
Diante desse dado, quando você lê a frase “A primeira diretora trans, negra e periférica de uma organização de jornalismo do Brasil”, o que te vem à mente?
Para a Énois, é um passo importante dado por aqui, construído ao longo de anos com o protagonismo de Sanara Santos. Essa frase, apesar de significativa e potente e de ser a que escolhemos contar para vocês, não é capaz de definir a alegria e o orgulho que tomam o anúncio da chegada dela à diretoria. Não é capaz de definir a história e trajetória percorridas até esse momento.
Sanara Maria dos Santos Araujo, nascida e criada na favela da Ilha, uma pequena comunidade que fica entre a zona leste de São Paulo e Santo André, no ABC Paulista, entrou para a Escola de Jornalismo da Énois em 2017 e, de lá para cá, construiu novas perspectivas dentro da organização. Perspectivas sempre conectadas com a diversidade e inclusão.
“Uma história de dor, amor, coletividade e jornalismo”, por Sanara Santos
Confira a primeira Diversa do ano!
Foi freelancer, produtora chefe, coordenadora e agora diretora da área de Formação, ramo que carrega a essência da organização e o seu jeito de fazer, sensível e acolhedor. Sanara nos conta alguns dos seus pontos de vista…
A direção como um lugar de inovar
“Estar neste espaço é pensar inovação. Ser uma mulher trans é sobre olhar com outra perspectiva de como e onde o jornalismo vai precisar inovar financeiramente e culturalmente. É desenhar um futuro que não é mais cis, branco, elitista, e que está cada vez mais nas mãos das pessoas pretas, mulheres trans, e periféricas”.
Troca e representatividade
“Sou essa diretora que está com as organizações que passaram pela Énois, me relaciono com sensibilidade e isso faz com que as pessoas olhem para gente com esse lugar de troca, uma diretora muito próxima da histórias das organizações. Acredito que elas se sintam representadas”.
Transformações internas
“Acredito que a Énois vai passar por um processo de mudança, temos que pensar com mais profundidade e nos organizar internamente para fortalecer cada vez mais o jornalismo local, diverso e periférico”.