Você se lembra dos seus seis primeiros anos de vida?
Oi, pessoal, como vocês estão? Passando por aqui para contar como foi o nosso Redação Aberta #24, mas antes de te falar sobre o evento, que tal tirar alguns segundos para pensar na pergunta título deste texto? Essa pergunta é uma das reflexões que trazemos no nosso Manual Jornalismo & Território – Como cobrir questões da primeira infância e adolescência, que lançamos durante o RA.
Pensou? E aí, quais são as imagens que surgem na sua mente? A escola? O posto de vacinação? A praça perto de casa? O caminho até a casa dos familiares? As ruas nas quais você brincava?
Fizemos esse exercício durante o Redação Aberta e foram essas algumas respostas dos nossos participantes no chat. Todos esses elementos compõem aquilo que chamamos de políticas públicas para a primeira infância, o momento mais importante para a nossa formação enquanto seres humanos. A política pública, nos contou o nosso convidado Florentino Leônidas, sanitarista e ex-consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), “é o nosso ponto de contato com o estado, onde as crianças criam contato com o serviço prestado”. O problema é que esses serviços são, muitas vezes, invisíveis e negligenciados pela sociedade.
É aí que entra o nosso papel como comunidades e jornalistas. Quando falamos de infância, precisamos ir além da cobertura factual. É preciso conhecer as leis que regem e guardam os direitos das crianças, ressaltou a coordenadora de comunicação da Andi – Comunicação e Direitos, Luciana Abade, nossa outra convidada. “A gente precisa fugir da cobertura factual e contextualizar a nossa notícia, isso é fundamental para que a mídia seja um canal de defesa das políticas para a infância”, lembrou Luciana. Os dois convidados nos disseram que o jornalismo tem o papel não só de denunciar, mas de contextualizar.
No nosso manual, há uma seção que pode te ajudar nisso. É um capítulo específico para apresentar cada legislação nacional e internacional, além do desenho das estruturas dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário que amparam a aplicação das leis. O manual também traz uma lista de fontes diversas, mencionada no Redação como outra necessidade para que a cobertura jornalística sobre primeira infância seja suficiente e eficiente. Florentino lembrou ainda que, no pós-pandemia, os jornalistas têm um grande desafio que “passa por fazer um monitoramento adequado de políticas públicas” de retorno às aulas, de funcionamento dos serviços de saúde e assistência social.
O Redação Aberta também nos deixou uma provocação, é possível fazer isso sem ouvir as crianças? A resposta que dá é a Bruna MC, slammer de 12 anos convidada, que deu a letra nos seus versos, abrindo e fechando o Redação. “Ouvir uma criança e deixar ela se expressar, entrar na roda, ajuda a formar um cidadão que tem opinião própria e não precisa da mãe e do pai para dizer o que acha e não acha”. E aí, quer saber mais como fazer uma cobertura das políticas públicas sobre primeira infância que traga contexto, seja responsável e inclua a visão das crianças?
Te convido a ver o vídeo na íntegra do nosso Redação Aberta e também a se inscrever para receber, em casa, uma versão física do nosso manual.
Seguimos construindo juntes um jornalismo que paute, de forma transversal, a infância!
Até mais,
Alice de Souza
Coordenadora de sistematização na Énois (e jornalista amiga da criança, pela Andi)