Énois inicia segundo ciclo do programa Diversidade nas Redações

Em julho, a Énois Laboratório de Jornalismo deu boas-vindas aos participantes do segundo ciclo do Diversidade nas Redações. Nesta edição do programa, foram selecionadas dez redações das regiões Norte e Centro-Oeste que vão receber apoio financeiro e formação para desenvolver um projeto voltado à sustentabilidade das organizações, com base nos valores da diversidade, representatividade e inclusão. 

Das dez redações, quatro são do Pará (Tapajós de Fato, Rondon Oficial, Carta Amazôniae Redação News), duas do Mato Grosso do Sul (Gazeta do Pantanal e TeatrineTV), uma do Acre (MANXINERUNE TSIHI PUKTE HAJENE – MATPHA), uma do Amazonas (Portal Repórter Manaós ), uma de Roraima (Correio do Lavrado) e uma de Tocantins (Portal Tô em Foco). Juntas, as redações, em sua maioria digitais, têm uma audiência de mais de 300 mil pessoas.“São pessoas que realmente acreditam no jornalismo e que estão ali, que investem tempo para produzir, investem dinheiro do seu bolso para manter um site…Estão todos muito empolgados, muito animados e abertos para aprendermos juntos”, afirma a coordenadora do Diversidade nas Redações, Angela Werdemberg.

As dez redações selecionadas vão passar, ao longo dos quatro próximos meses, por um processo formativo que conta com encontros virtuais, mentoria e a criação de um projeto de sustentabilidade financeira para as redações. Para colocar em prática o plano, as empresas jornalísticas receberão apoio financeiro de 6 mil reais. O programa também tem como foco o desenvolvimento da equipe e um olhar para a cobertura das eleições de 2022, considerando a realidade e necessidade dos territórios. Para esse propósito, o programa disponibilizará uma bolsa para a contratação de um/uma repórter por redação para realizar a cobertura das eleições, com bolsa no valor de 2 mil reais por mês.

O grupo de repórteres participa de um percurso formativo para qualificar a cobertura eleitoral durante o período do programa. Nos encontros serão elaboradas pautas relacionadas ao processo eleitoral e produção de três grandes reportagens em consórcio. “Nossa intenção também é fortalecer a produção de conteúdo dessas iniciativas, e possibilitar que, por meio dessa produção, eles consigam outros tipos de financiamento”, declara Angela.

A região Norte e Centro-Oeste tem 3.047 empresas jornalísticas, segundo dados de janeiro de 2022 do Atlas da Notícia – o que representa 22% do total de instituições jornalísticas no Brasil. “O Diversidade nas Redações colabora no fortalecimento dessas organizações, principalmente numa região que tem desertos de notícia em 70% do seu território”  , afirma Angela.  

Os desertos de notícias são municípios que não dispõem de informação jornalística local. A coordenadora do Diversidade nas Redações apontou a dificuldade de financiamento como um dos grandes obstáculos para se fazer jornalismo local. “O Diversidade nas Redações é uma excelente oportunidade para as redações que estão em busca de novos modelos de negócios e dispostas a inovar”, afirma a Angela Werdemberg.

Perfil

O programa recebeu 39 inscrições de iniciativas de jornalismo local nas regiões Norte e Centro Oeste. Destas, 53,8% são lideradas por homens cisgêneros e 41% por mulheres cis. Em sua maioria (56,4%), as inscrições foram feitas por pessoas negras, seguidas por pessoas brancas (28,2%) e indígenas (12%), das etnias Manchineri, Guarani Kaiowá, Povo Nawa e Karipuna. A maior parte dos inscritos veio da região Norte (54%), do Pará e de Rondônia. 

Diversidade nas Redações é um programa que apoia veículos de comunicação locais com viés de diversidade e representatividade e tem como foco a produção, gestão e captação de recursos. A segunda edição do programa tem o patrocínio da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos no Brasil, do Google News Initiative e do Instituto Clima e Sociedade.