Por que começar hoje a fazer jornalismo colaborativo

Diversa

Por que começar hoje a fazer jornalismo colaborativo

 

22 de outubro de 2021

 

 

Andressa Marques, repórter dos programas Diversidades nas Redações e Sala de Redação

 

Ester Caetano, repórter dos programa Diversidade nas Redações e Sala de Redação

E aí, pessoal, tudo tranquilo? 

Somos a Andressa Marques e Ester Caetano, entramos na rede da Énois a partir do Diversidade nas Redações, programa que tem como objetivo fortalecer a diversidade nas redações brasileiras, e hoje integramos o Sala de Redação, um espaço virtual de produção conjunta de conteúdos jornalísticos. 

Estamos aqui na Diversa para bater um papo com vocês sobre como a colaboração no trabalho jornalístico pode fortalecer o jornalista e o jornalismo local. Agora perguntamos, você sabia que o jornalismo colaborativo é uma prática importante e necessária para que a nossa profissão possa criar conexões com diferentes olhares? Pois é, nem a gente sabia. Mas vamos explicar melhor como chegamos até aqui através, justamente, da conexão.

Eu, Andressa, integrei a redação do Sul21. E eu, a Ester, participei do Diversidade nas Redações pelo Nonada Jornalismo Cultural. Juntas, fizemos parte das únicas redações do Rio Grande do Sul no programa.. Ao longo do Diversidade, e depois com o Sala de Redação, todos os repórteres participantes produziram reportagens em conjunto. E foi aí que a colaboração no jornalismo nos atravessou de uma forma muito natural.

Logo pensamos: podemos cobrir o Rio Grande do Sul juntas! Afinal, tínhamos muito em comum: duas mulheres negras, em suas primeiras experiências em uma redação e em um programa abordando diversidade. Além disso, teríamos um rico material trabalhando juntas, já que eu, Ester, sou do interior do Rio de Janeiro, residente em Pelotas/RS, e eu, Andressa, nascida e criada na Restinga, periferia de Porto Alegre.

Esse vínculo que, rapidamente, criamos nos ajudou tanto na nossa prática jornalística quanto pessoalmente. Não é preciso dizer que na pandemia fomos obrigados a reinventar a nossa forma de trabalhar, e quando se é jornalista, não há muito tempo para se reinventar. O mundo não para, é necessário estar alerta a todas as mudanças. Essa parceria e companhia fortaleceu e abrangeu a nossa forma de pesquisa de fontes, de abordagem, escrita e apoio.

Sozinhas, talvez, conseguíssemos abordar os assuntos e entregar as matérias, mas não com a mesma delicadeza e disposição. Afinal, estamos em uma pandemia, em uma conjuntura com líderes políticos sem nenhum preparo para gerir a sociedade e, ao mesmo tempo, com a preocupação de se manter minimamente sãs para entregar a informação de forma verdadeira e acessível.

Colaboração e jornalismo local

Através da experiência que tivemos, podemos dizer que a colaboração é uma das chaves para fortalecer o jornalismo local e também é um poder para mitigar a desinformação e os desertos de notícias. Trabalhando em conjunto há possibilidade de unir pessoas de territórios alternativos e distantes, porém que compartilham de um mesmo caso, problema e situação. Dessa forma, rompemos a interpretação de apenas uma região sobre uma outra. A colaboração permite que diferentes narrativas construam notícias com uma mesma temática, porém cada uma ocupando seu lugar e sendo protagonista.  

Esse protagonismo traz de certa forma um empoderamento e segurança para o jornalista, além da tranquilidade de debater e apurar temas complicados, sensíveis e extensos. Em rede, as limitações diminuem e aumenta a diversidade. Em nossas apurações, conseguimos ver isso na prática, pois tivemos a possibilidade de ampliar a qualidade das fontes entrevistadas nas matérias, trazer uma sensibilidade individual com os personagens que cada uma ia encontrando e arrematar esses dois olhares no texto.

A colaboração é uma necessidade para o jornalismo justo e de qualidade. Com ela, temos a chance de transformar a troca de apurações em amplitude da repercussão da cobertura regional. Isso fortalece o nosso trabalho e leva nosso conteúdo para outras regiões e novos públicos.

Vale destacar uma das reportagens especial que fizemos sobre a educação escolar indígena. A matéria “Com pandemia e sem escola, crianças indígenas enfrentam desafios no paíssaiu no Nonada (RS), Maré de Notícias (RJ), O Povo (CE),  Expresso Na Perifa (SP) e Sul21 (RS). Convidamos você a ler outras matérias colaborativas que fizemos também:

Mudar a forma como fazemos jornalismo, deixando a competição de lado, fortalece esse movimento colaborativo. Por acreditarmos nisso e vermos, na prática, o quanto crescemos trabalhando na união, trouxemos aqui algumas dicas para impulsionar cada vez mais a colaboração no jornalismo. 

6 formas de impulsionar a colaboração no jornalismo local

1- Compreender que fazer jornalismo é exercício coletivo. É preciso abandonar a ideia do jornalista como protagonista da história;

2- Não deixar a competição no meio jornalístico impedir as colaborações e parcerias, lute pelo compartilhamento de ideias; 

3- Debata com outros profissionais da sua região, estado ou país sobre tendências, distribuição jornalística e modelo de negócio que fortaleçam a imprensa local;

4- Para começar o trabalho colaborativo de jornalismo antes é preciso ter segurança nos objetivos que a pauta quer alcançar e nos métodos dos processos de apuração conjunta.

5- Seja atento ao seu território, tanto para procurar coletivos interessados em colaborar quanto para pensar projetos e propostas de pauta que tragam a audiência para a colaboração; 

6- Procure sua rede, una-se a jornalista com os mesmos interesses, mas que te complementem nas ideias e ideais. 

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